domingo, 1 de fevereiro de 2009

Delicadezas

Segundo a minha mãe, quando era pequena, era super delicada. Eu não mexia nas coisas, tocava-as apenas.
Quando era pequena, tão pequena que ainda nem sabia ler, era capaz de passar horas e horas a desfolhar cuidadosamente qualquer livro ou revista que me passassem para a mãos. Desfolhava-os como se fossem tesouros.
Diz a minha mãe que nunca rasguei uma página ou sequer parti um brinquedo.

Ora, se eu era assim em pequena, alguma coisa de muito grave se deve ter passado comigo em algum momento da minha vida porque há vários anos que sou conhecida por ser a Miss Descuidada. Houvesse tal prémio e as outras candidatas saberiam que nunca poderiam esperar mais que um honroso lugar de Dama de Honor.

Tenho uma tendência assustadora para ir contra qualquer mesa, cadeira, porta ou até parede que me apareça à frente. Não há dia que não dê encontrões às coisas, que não as deixe cair ao chão, que me escorreguem das mãos (de manteiga). Já para não falar das coisas entornadas, partidas ou entortadas. Já é um problema crónico.
A “delicadeza” é tanta que, na família, sou conhecida por “carro de assalto”.

Há quem se queixe que andar comigo ao lado pode ser bastante incomodativo uma vez que tenho alguma tendência para me ir encostando ou empurrando quem vai comigo. Não são raras as vezes que andamos em diagonal.
Tive até um episódio em que uma triste personagem que se cruzou na minha vida disse mesmo que não gostava de mim porque eu ia constantemente contra as coisas.
Vá, eu sei que é chato, até irritante, mas acho que não é para tanto. Afinal, até sou boa rapariga... desde que não tenha mesas com jarras de porcelana ou cristal por perto.

Há ainda outra coisa em sou que especialista: tropeções e/ou tornozelos torcidos. Tempos houve (felizmente parece que passaram) em que era também conhecida por cair! De preferência em sítios onde houvesse muita gente. Quanto mais melhor.
Na faculdade, as escadas do departamento foram feitas “de cu” pelo duas vezes (sempre à saída das aulas, que era quando havia mais assistência), nas do átrio central também caí. No refeitório consegui tropeçar nas calças. E na esplanada, não me lembro, mas devo, de certeza, ter dado espectáculo... cair ou partir uma cadeira não me parece nada impossível.
Fora estas, houve também quedas no meio da Praça de Londres às 9h da manhã e à saída de um café ao pé da praia.
Houve ainda outra, muito aparatosa (e estrondosa) que, embora tenha acontecido num ambiente mais recatado, foi das que mais me envergonharam. Consegui estatelar-me do cimo de uma cadeira e cair de cara! Resultado: um buraco no lábio, sangue por todo o lado e um tal estrondo na casa que, em menos de 10 segundos, tinha as 3 pessoas com quem vivia há duas semanas e que mal conhecia enfiadas no meu quarto a olharem para mim com ar de pânico! Não foi bonito, não senhora.

Mas terminada que parece estar a tendência para quedas (acho que essa das alturas foi mesmo a última... já lá vão 4 anos) alguma outra tinha de ter. E ultimamente não posso tocar em nada... tudo se parte. Ele é a haste dos óculos, ele é pulseiras, ele é a alavanca do banco do carro do meu pai no dia em que ele mo emprestou...
Nem aquele utensílio da casa-de-banho a que uns chamam piaçaba mas que cá para mim sempre foi um “piaçá” escapou.
Acho que é melhor estar quietinha. Com o frio que faz acho que me vou enfiar na cama e imbernar!

2 comentários:

heLder disse...

Eu fazia parte de uma dessas tres pessoas que ouviram o "estrondo" e perguntei-me como era possivel alguem cair assim de uma cadeira, mas o melhor foi a soluçao de uma ervilhas congeladas colocadas no labio, para passar o "inchaço". E, tranquila que mesmo sendo assim ha quem goste de ti, tal qual como es. :-D

Anónimo disse...

Estou solidária... ou não fosse eu perita em partir copos... seja a deixá-los cair ou simplesmente ao meter a mão lá dentro ao lavá-los... :S Bem, mas mesmo assim acho q incomodo menos :p